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Lição 1 – Gênesis, o livro da criação divina

Lição 1 - Gênesis, o livro da criação divina

A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

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Estamos terminando mais um ano letivo da Escola Bíblica Dominical, agradecendo a Deus por, em tempos tão difíceis, termos podido aprender a sã doutrina em liberdade de culto e de crença, tendo tido oportunidade de continuar a nossa santificação.

Neste último trimestre, teremos mais um trimestre bíblico, em que estaremos a estudar o livro de Gênesis, mais propriamente a primeira parte do livro, que abarca os 11 primeiros capítulos, que dão conta da criação e das três primeiras dispensações (inocência, consciência e governo humano), chamada de “ciclo das origens”.

As três últimas lições falam, sucintamente, das vidas dos patriarcas Abraão e Isaque, bem como uma lição a respeito de José.

O livro de Gênesis recebeu este nome por parte dos responsáveis pela tradução das Escrituras para o grego, a primeira versão da Bíblia, a chamada Septuaginta, precisamente porque é o livro das origens, ou seja, o livro em que ficamos a saber, pela revelação divina, do princípio de todas as coisas, do começo de tudo o que há.

O significado de “Gênesis” em grego é “origem”, sendo certo que os israelitas chamam este livro de “Bereshit”, que são as primeiras palavras do texto, ou seja, “No princípio”, nome que também dá a ideia de que se trata de um livro que trata dos começos, dos princípios, das origens.

Embora o livro de Gênesis, pelo seu próprio conteúdo, seja o primeiro na ordem dos livros da Bíblia Sagrada, não foi o primeiro livro a ser escrito.

Os estudiosos das Escrituras e a própria tradição judaica consideram que o primeiro livro da Bíblia a ser escrito foi o livro de Jó, que teria sido escrito ou por Jó, ou por Moisés, quando ainda estava no deserto de Midiã.

O livro de Gênesis foi escrito por Moisés durante a peregrinação de Israel para a Terra Prometida.

Podemos dividir este trimestre em cinco blocos.

O primeiro, introdutório, veremos, na lição 1, em linhas gerais, o livro de Gênesis.

O segundo bloco cuida da criação de todas as coisas, abarcando as lições 2 e 3, onde estudaremos a criação dos céus e da terra (lição 2) e a criação do homem (lição 3).

O terceiro bloco cuida da chamada “dispensação da consciência”, que vai desde a queda do homem até o dilúvio, abarcando as lições 4 a 7.

O quarto bloco cuida da chamada “dispensação do governo humano”, que vai desde o dilúvio até a confusão das línguas em Babel, abarcando as lições 8 a 10.

O quinto e último bloco cuida da chamada “dispensação patriarcal”, com três sucintos estudos a respeito de Abraão (lição 11), Isaque (lição 12) e José (lição 13).

A capa deste trimestre apresenta-nos o globo terrestre devidamente iluminado. Tal ilustração nos remete à criação de todas as coisas, pois toda a criação iniciou-se pela luz (Gn.1:3, ao começo de todas as coisas, que é, aliás, o título deste trimestre.

O comentarista deste trimestre é o pastor Claudionor de Andrade, consultor teológico A e ex-gerente de publicações da CPAD.

Que, ao término deste trimestre, tendo refletido sobre o início de todas as coisas, possamos aumentar a nossa fé, sabendo que Aquele que começou a boa obra, também fará com que se tenha a consumação que já está devidamente revelada nas Escrituras Sagradas.

B) LIÇÃO 1 – GÊNESIS, O LIVRO DA CRIAÇÃO DIVINA

O Livro de Gênesis é o livro das origens, princípios e começos.

INTRODUÇÃO

– Neste trimestre letivo, estudaremos o livro de Gênesis.

– O livro de Gênesis é o livro das origens, princípios e começos.

I – O LIVRO DE GÊNESIS

– Estamos dando início ao quarto e último trimestre letivo de 2015, agradecendo ao Senhor pela oportunidade de termos tido mais um ano de estudo da Sua Palavra.

– Neste trimestre letivo, teremos mais um trimestre bíblico, estudando, desta feita, o livro de Gênesis, o primeiro livro do Pentateuco, o conjunto dos cinco livros escritos por Moisés e que são chamados de “os livros da lei”, a Torá, como este grupo é denominado pelos israelitas.

– O nome “Gênesis” dado a este livro foi dado pelos escritores judeus que traduziram a Bíblia para o grego, a primeira versão das Escrituras, denominada de “Septuaginta”, porque, segundo a tradição, teria sido feita por setenta escribas, versão esta que foi mandada fazer pelo rei do Egito, Ptolomeu II Filadelfo, que, então, governava sobre os judeus, no século III a.C.

– “Gênesis” significa “origem” e o tema do livro de Gênesis é, precisamente, a origem de todas as coisas. No relato deste livro, temos a narrativa da criação de todas as coisas, da criação do ser humano, do princípio da história da humanidade como também as origens do povo de Israel, com as histórias dos patriarcas da nação israelita (Abraão, Isaque e Jacó, bem como a pormenorização da história de José, o filho de Jacó pela ida dos israelitas para o Egito).

– Os israelitas denominam este livro de “Bereshit” (בראשית), que são as primeiras palavras do texto, cujo significado é “No princípio”, título que também nos indica que o livro trata dos começos, das origens, dos princípios.

– O autor do livro de Gênesis é Moisés, pois toda a Torá, ou seja, o Pentateuco é de autoria de Moisés, como nos dá conta o próprio Senhor Jesus (Lc.24:44), livro que foi escrito durante a peregrinação de Israel na Terra Prometida e que, certamente, estava no livro que Moisés entregou e mandou que ficasse junto a arca pouco antes de sua morte (Dt.31:9).

– A chamada “crítica bíblica” questiona a autoria de Moisés não só em relação ao livro de Gênesis como também de todo o Pentateuco, mas se trata de mais uma demonstração de incredulidade de pessoas que querem reduzir a Bíblia ao raciocínio humano, à lógica humana.

Se Jesus diz que a lei foi escrita por Moisés, se a Bíblia diz que os escritos do Pentateuco são de autoria de Moisés, não temos o que questionar.

– Finnis Jennings Dake traz dezesseis provas de que a autoria do Pentateuco e, por conseguinte, do livro de Gênesis é de Moisés, em estudo que vale a pena aqui transcrever: “…16 provas de que Moisés escreveu o Pentateuco

1. Deus ordenou-lhe que escrevesse um livro (Ex.17:14: 34:27)

2. Moisés escreveu um livro (Ex.24:5,7; Nm.33:2; Dt.31:9)

3. Ele chamou seu livro de o livro da aliança (Ex.24:7), o livro desta lei (Dt.28:58,61) e este livro da lei (Dt.29:20-27; 30:10;31:24-26). Isso inclui todo o Pentateuco, que foi considerado pelos judeus, um livro de 5 partes.

4. Cópias do livro de Moisés eram feitas para os reis (Dt.17:18-20).

5. Deus reconhece o livro da lei como escrito por Moisés e ordenou que ele fosse a regra de conduta para Josué (Js.1:8; 8:30-35).

6. Josué aceitou o livro da lei como sendo escrito por Moisés e o copiou em 2 montes (Dt.11:26-32; Js.8:30-35). Ele contribuiu com o livro, escrevendo talvez o último capítulo (dt.34) sobre a morte de Moisés (Js.24:26).

7. Josué ordenou a todo Israel que obedecessem ao livro da lei de Moisés (Js.23:6).

8. Durante o período dos reis, esse livro era a lei:

(1) Davi o reconheceu (I Cr.16:40).
(2) Salomão foi encarregado por Davi de mantê-lo (I Rs.2:3)
(3) Ele foi achado e obedecido por Josias e Israel (II Rs.22:8-23:25; II Cr. 34:14-35:18)
(4) Josafá o ensinou a todo o Israel (II Cr.17:1-9)
(5) Joiada obedeceu a ele (II Rs.12:2; II Cr.23:11,18)
(6) Amazias obedeceu a ele (II Rs.14:3-6; II Cr.25:4)
(7) Ezequias obedeceu a ele (II Cr.30:1-18).

9. Os profetas referem-se a ele como a lei de Deus escrita por Moisés (Dn.9:11. Ml.4:4).

10. Tanto Esdras como Neemias atribuem o livro da lei a Moisés (Ed.3:2; 6:18; 7:6; Ne.1:7-9; 8:1,14,18;9:14; 10:28,29; 13:1).

11. Cristo atribui toda a lei — todos os 5 livros do Pentateuco — a Moisés (confira Lc.24:27,44 com Gn.3:15; 12:1-3; Mc.12:26 com Ex.3 e Mc.7:10 com Ex.20:12; 21:17. Veja também Jo.1:17; 5:46; 7:19,23).

12. Os apóstolos atribuíram a lei a Moisés (At.13:39; 15:1,5,21; 28:23).

13. Por mais de 3.500 anos, era consenso entre estudiosos judeus e o povo comum que Moisés escreveu o Pentateuco. Os judeus de todos os tempos da história nunca questionaram isso.

14. Escritores pagãos — Ticitus, Juvenal, Strabo, Longinus, Porfírio, Juliano e outros — concordam sem questionamento que Moisés escreveu o Pentateuco.

15. Líderes religioso entre os pagãos — Moisés e outros — o atribuem a Moisés.

16. Evidências no próprio livro provam um autor:

(1) O Pentateuco foi escrito por um hebreu que falava a língua hebraica e apreciava os sentimentos dessa nação. Moisés cumpria esse requerimento.

(2) Foi escrito por um hebreu familiarizado com o Egito e a Arábia, seus costumes e cultura. Desde que os ensinos egípcios foram cuidadosamente ocultados para os estrangeiros e eram somente para os sacerdotes e a família real, Moisés era o único hebreu conhecido que poderia cumprir esse requisito (At.7:22; Hb.11:23-29).

(3) Há uma exata correspondência entre as narrativas e as instituições, mostrando que ambos são do mesmo autor.

(4) A concordância no estilo dos 5 livros prova um único autor.

(5) O próprio Moisés declarou claramente ser ele o escritor desta lei. Veja Ex.24:4; Nm.33:2; Dt.31:9,22.
…” (BÍBLIA DE ESTUDO DAKE. Rio de Janeiro-Belo Horizonte: CPAD-Atos, 2009, pp.2-3).

– Entendem alguns que o livro de Gênesis foi escrito no monte Sinai, como parte da revelação que Deus deu a Moisés, quando ele ficou durante quarenta dias e quarenta noites a sós com o Senhor (Ex.24:18), como uma introdução às leis e ordens dadas pelo Senhor a Moisés naquela oportunidade, ou seja, por volta de 1440 a.C..

– Apesar de ser o livro que está, pelo próprio teor, no início da Bíblia Sagrada, Gênesis não foi o primeiro livro a ser escrito. Tanto estudiosos da Bíblia quanto a tradição judaica entendem que o primeiro livro a ser escrito foi o livro de Jó, tenha sido ele escrito pelo próprio Jó, tenha sido ele escrito por Moisés, como considera a tradição judaica, escrito este que se teria dado quando Moisés ainda se encontrava em Midiã.

– Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Gênesis tem 50 capítulos, 1.533 versículos, 38.267 palavras, 1.385 versículos de história, 149 questões, 56 profecias, 123 versículos com profecias cumpridas, 23 versículos com profecias não cumpridas, 106 ordens, 71 promessas, 236 predições e 95 mensagens distintas de Deus.

– Para aqueles estudiosos que relacionam cada livro das Escrituras a uma letra do alfabeto hebraico, o livro de Gênesis está vinculado à letra “Álefe” (א), que é o símbolo das “primeiras coisas”, sendo, aliás, uma letra que é a referência ao próprio Deus, que Se apresenta como o Princípio (Is.44:6; Ap.1:8).

A propósito, “álefe” é a letra com que se inicia o primeiro nome divino apresentado na Bíblia Sagrada, “Elohim” (אלהים), logo em Gn.1:1. Os rabinos judeus entendem que a letra “Álefe” é o símbolo de Deus como o Criador e Mestre do Universo.

II – A ESTRUTURA DO LIVRO DE GÊNESIS – AS DUAS PRIMEIRAS DISPENSAÇÕES

– O livro de Gênesis fala-nos do princípio de todas as coisas, tanto dos céus como da terra, tratando, assim, da criação, como também do princípio da história da humanidade, e do início da própria nação de Israel. Assim, trata-se de um livro que abarca um longo período da história humana.

– Podemos dividir o livro do Gênesis da seguinte forma:

I. Narrativa da criação – Gn.1:1-2:25.
II. Narrativa de fatos da dispensação da consciência – da queda do homem até o dilúvio – Gn.3:1-8:21
III. Narrativa de fatos da dispensação do governo humano – do dilúvio até a confusão das línguas em Babel – Gn.9:1-11:32.
IV. Narrativa da vida de Abraão ou “ciclo de Abraão” – Gn.12:1-25:18
V. Narrativa da vida de Isaque ou “ciclo de Isaque” – Gn.25:19-27:46
VI. Narrativa da vida de Jacó ou “ciclo de Jacó” – Gn.28:10-36:43
VII. Narrativa da vida de José ou “ciclo de José” – Gn.37:1-50:26

– A primeira parte do livro de Gênesis, que abarca os dois primeiros capítulos, trata da criação de todas as coisas. Em uma revelação dada por Deus a Moisés, temos o relato de como foram criadas todas as coisas, uma revelação do passado, do instante em que, na eternidade passada, o Senhor decidiu criar o Universo, a começar pelos próprios seres celestiais e, depois, a criação terrena.

– No primeiro capítulo, temos a descrição da criação de todas as coisas, criação esta que é dividida em seis períodos, os denominados “seis dias”, narrativa esta que tem sido, ao longo da história da humanidade, e, mais precisamente, do grande avanço científico dos últimos três séculos, sido confirmada pelas descobertas que a ciência tem feito.

– No segundo capítulo, temos a pormenorização da descrição da criação do homem, a coroa da criação terrena e para quem, afinal de contas, foi revelada a Bíblia Sagrada, com a descrição não só da criação do homem, como também da mulher e do jardim que Deus formou no Éden para ali colocar o primeiro casal.

Neste mesmo capítulo, vemos, também, a criação da família, que é a obra-prima da criação divina e com a qual se encerra a primeira parte do livro, onde se nos mostra o começo de todas as coisas.

– A segunda parte do livro de Gênesis, que abarca os capítulos 3 até 8, narra os principais fatos ocorridos durante a chamada “dispensação da consciência”, ou seja, aquele período em que Deus tratou com o homem através da consciência humana, daquele “voz de Deus” que existe no interior de cada ser humano.

– No terceiro capítulo, é narrada a queda do homem e a entrada do pecado no mundo, ou seja, tem-se aqui o relato do “começo do pecado”, como também a promessa da vinda de um Salvador (Gn.3:15), o “começo do evangelho”, promessa esta que, não por acaso, é chamada pelos estudiosos das Escrituras como sendo o “protoevangelho”, ou seja, o “primeiro evangelho”.

– Apesar desta primeira promessa, deste “primeiro evangelho”, Deus não deixou de exercer os “primeiros juízos” decorrentes do pecado, mas, revelando ser Deus tanto juízo quanto misericórdia, também é relatada a “primeira manifestação de longanimidade”, pois o Senhor não só dá vestimentas ao primeiro casal, como também não lhes permite ter acesso à árvore da vida e, deste modo, não torna definitiva a queda.

– No quarto capítulo, é contada a história de Caim e de Abel, os primeiros filhos de Adão e de Eva, quando temos a narrativa do “primeiro culto”, do início da adoração ao Senhor, fato que gerou inveja em Caim, já que seu sacrifício não foi aceito, e temos, então, a narrativa do “primeiro crime”, que foi o crime de homicídio.

– Neste mesmo capítulo, vemos o desenvolvimento das duas primeiras civilizações, a civilização dos descendentes de Caim, onde se têm as primeiras invenções e descobertas, como também a civilização dos descendentes de Sete, o filho que o primeiro casal teve em lugar de Abel (Cf. Gn.4:25), onde se teve a “primeira invocação do nome do Senhor” (Gn.4:26) e, por conseguinte, a formação do “primeiro povo de Deus”.

– No quinto capítulo, é dada a genealogia dos descendentes de Sete, destacando-se a figura de Enoque, o “primeiro profeta” (Cf. Jd.14), genealogia que vai até Noé, que será o próximo protagonista no relato de Gênesis.

– No sexto capítulo, temos a narrativa da corrupção da “geração de Noé”, a apostasia do “primeiro povo de Deus”, que fez com que a terra se enchesse de violência e a imaginação da humanidade fosse má continuamente, o que levou à decisão divina de destruir o mundo por meio do dilúvio, que é, então, anunciado a Noé, que começou, então, a construir a arca consoante o mandado do Senhor.

– No sétimo e oitavo capítulos, temos a narrativa do dilúvio, que foi o juízo divino com que se encerrou a segunda dispensação.

III – A ESTRUTURA DO LIVRO DE GÊNESIS – A TERCEIRA E QUARTA DISPENSAÇÕES

– Depois da narrativa do dilúvio, o livro de Gênesis passa, no nono capítulo, a descrever o chamado “pacto noaico”, ou seja, a aliança firmada entre Deus e Noé, onde se estabelecem as diretrizes para o repovoamento da terra, diretrizes estas que deram origem ao que se denomina de “dispensação do governo humano”, o período em que Deus tratou com o homem além da consciência com o próprio domínio da terra pelo homem que passou a ter não somente a governança do planeta mas a própria administração da justiça.

– Com o reinício da humanidade, Moisés relata o desenvolvimento desta nova comunidade formada pelos descendentes de Noé, a começar pela própria família de Noé, no episódio em que Noé se embriaga, o que motivou a maldição de Canaã por parte de seu avô.

– No décimo capítulo, Moisés traz-nos uma genealogia a respeito dos descendentes de Noé, mostrando, assim, a origem das nações que hoje temos em nosso planeta, tendo, no capítulo onze, explicado a dispersão das nações, com o episódio da confusão das línguas em Babel, que põe fim à dispensação do governo humano.

– Ante a rejeição da comunidade única de Babel, mister se fazia a construção de um novo povo de Deus, através do qual se poderia cumprir a promessa da redenção da humanidade e, por isso, o final do capítulo 11 é dedicado à genealogia de um dos filhos de Noé, Sem, de onde descenderia Abraão, que passa a ser o protagonista do livro a partir de então.

– A partir do capítulo 12 até o capítulo 25, temos o que se costuma denominar de “ciclo de Abraão”, ou seja, a narrativa da vida de Abraão, nascido Abrão, que, aos setenta anos de idade, foi chamado por Deus para deixar a sua cidade, Ur dos caldeus, para ser o pai de uma grande nação, nação esta de onde viria a “semente da mulher” prometida pelo Senhor ao primeiro casal no jardim do Éden.

– Tem início, assim, a dispensação patriarcal ou dispensação da promessa, período em que Deus tratou com a humanidade por meio dos “patriarcas”, aqueles que o Senhor escolheu para serem os pais de Israel, a nação que seria formada para dela vir o Messias, Aquele que restauraria a amizade entre Deus e os homens (Jo.4:22).

– Nestes quatorze capítulos, Moisés relata a vida do patriarca Abraão, sua chamada, sua peregrinação à terra de Canaã, os embates lá enfrentados, a demora de vinte e cinco anos para o cumprimento da promessa de que teria um filho, uma sequência de fatos que demonstram porque Abraão é conhecido como o “pai da fé”.

– Neste ciclo, temos a passagem de Gn.25:12-18 em que há a genealogia de Ismael, o filho que Abraão teve com a sua escrava Agar, dando-nos, portanto, a origem da nação árabe.

– A seguir, temos o chamado “ciclo de Isaque”, que abarca desde Gn.25:19, quando se relata o nascimento dos filhos gêmeos de Isaque, até o final do capítulo 27, onde o protagonista passa a ser o “filho da promessa”, ou seja, o filho que Deus havia prometido dar a Abraão. Isaque foi outro peregrino na terra de Canaã (Cf. Hb.11:8,9), que havia herdado a promessa de Deus dada a seu pai, que também enfrentou embates na terra de Canaã, mas que manteve a continuidade da fé de seu pai.

– A partir do capítulo 28 até o final do capítulo 36, o protagonista da história passa a ser Jacó, que posteriormente teve seu nome mudado para Israel (Gn.32:28), que, apesar de não ter sido o primogênito de Isaque, herdou as promessas feitas a Abraão, diante do desprezo que Esaú teve em relação à primogenitura (Gn.25:33,34).

– Moisés relata a ida de Jacó para Padã-Arã, onde ele formou a sua família, seus embates com o seu tio e sogro Labão, como também o seu retorno a Canaã, depois de vinte anos, quando, então, a exemplo de seu avô e pai, passou a peregrinar naquela terra. No “ciclo de Jacó”, é incluído o capítulo 36, que traz a genealogia de Esaú, o irmão de Jacó que desprezou a primogenitura e que deu origem à nação dos edomitas, que seriam históricos adversários do povo de Israel.

– A partir do capítulo 37, temos o chamado “ciclo de José”, em que o protagonista da história passa a ser José, o oitavo filho de Jacó (o sétimo filho homem) e primeiro filho de Raquel, que foi vendido pelos seus irmãos ao Egito e lá se tornou governador do Egito, para onde, durante os anos de fome que havia predito a Faraó, levou os seus familiares para morar.

– Neste “ciclo”, está o capítulo 38, onde se tem a história de Judá e de Tamar, um parêntese em que se mostra o “começo da tribo de Judá”, que é a tribo em que nasceria o Salvador.

– O livro do Gênesis termina com a morte de José e o povo de Israel no Egito, onde iria se formar como uma nação, de modo que temos aqui a história do “começo do povo de Israel”.

– O livro termina com a promessa feita pelos irmãos de José de que o corpo do governador do Egito não seria sepultado no Egito, mas que seria levado para Canaã quando o Senhor levasse Israel para lá, de modo que o livro termina com a reafirmação da promessa feita por Deus a Abraão, que era, assim, o “começo do cumprimento da promessa da redenção da humanidade”.

– Gênesis é, pois, nitidamente o “livro dos começos”, o “livro das origens”, livro cuja leitura nos permite conhecer e entender, desde o seu início, o plano de Deus para o homem, o descortinar da revelação divina para o homem.

– Ainda mencionando Finnis Jennings Dake, vemos que o tema de Gênesis é “…a criação, a queda e a redenção da raça humana através de Jesus Cristo. Em torno disso, centraliza-se toda a revelação divina e verdade das Escrituras.

O livro é a sementeira de toda a Bíblia e é a correta compreensão de cada parte dela. O Gênesis é a fundação sobre a qual toda divina revelação se baseia e é construída.

E não somente isso, mas entra e forma uma parte integrante de toda a revelação. Cada grande doutrina das Escrituras encontra suas raízes em Gênesis em princípio, tipo ou simples revelação…” (op.cit., p.2).

Seu propósito, ainda segundo Dake, é “…revelar ao homem a origem do céu e da terra e de todas as demais coisas. Declarar Deus como um Criador pessoal e mostrar que nada evoluiu através de bilhões de anos. Registrar a história da queda do homem e a presença do pecado na terra como uma introdução para a Sua lei.…” (ibid.).

– Que a leitura deste livro, neste trimestre, tenha o condão de nos fazer fortalecer ainda mais a nossa fé e a nossa esperança no Senhor.

Caramuru Afonso Francisco

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